7 de setembro

Minha mãe me acorda as 6 da manhã em pleno feriado de 7 de setembro.Motivo?Vamos ver o desfile de 7 de setembro!
(pulos de felicidade)

Sim, e tem mais, em um lugar aberto, sem cobertura enquanto cai uma chuva fina (por pouco tempo... depois virou um toró) típica de São Paulo e não se pode entrar com guarda-chuvas dentro do Anhembi! Isso não é ótimo?

Não, mas ainda pode melhorar: você pode decidir ir de carro até la, e enfrentar o trânsito de São Paulo quando algumas ruas estão bloqueadas.
Mas nem tudo estava perdido por que eu tinha meu celular com a discografia do Slayer (que foi a única coisa q sobrou depois que não sei como, acabei apagando todas as outras bandas do meu celular), fui ouvindo pra me distrair da paisagem fria e cinza de São Paulo. Que me empolgou tanto q acabei dormindo. Nada contra o frio e a paisagem cinza... São os prédios que me entediam.

Depois de vinte anos morando em São Paulo, meu pai resolve levar meu irmão para ver o tal desfile, e reavivar talvez as más lembranças do tempo em que foi servir ao exercito em Curitiba, que o menino magrelo de 18 anos que sonhava em entrar para a aeronáutica se viu em um quartel não tinha ao menos suprimentos para manter os futuros (ou não) soldados.

Soldados.Realmente eles me chamaram a atenção durante o desfile.Antes, enquanto estavam agrupados esperando a hora de entrar no sambódromo , pareciam rapazes comuns dentro de uma roupa estranha.Aproveitavam da boa aparência que as diferentes fardas lhes causavam , para lançar olhares e sorrisos às moças, que como eu estavam encharcadas com a chuva que caia.Um menininho empolgado gritou para o pai “Pai, eu quero trabalhar na guerra!”.Percebi que para a maioria dos meninos ali era como se os personagens dos videogames estivessem ali ao vivo para serem admirados.Personagens que no jogo já começam com uma arma na mão , e seu objetivo é matar o inimigo e chegar até a sua base.Mas se um dia algum daqueles meninos entrar para o exercito, vão perceber que na vida real você não tem vidas que possa reaproveitar...e você não começa o jogo com uma arma na mão , e um posto de respeito.

Mal chegam os jovens soldados em seus quartéis, já começam a ter de se acostumar com as constantes humilhações de seus superiores... E dos próprios soldados que estão ali amais tempo. A rotina de pouca comida, muito treinamento e pouco descanso, pouco a pouco vai se fazendo continuamente repetitivas. Longe de casa, os pais têm orgulho de dizer que seus filhos homens estão servindo ao exercito. Ao menos foi o que meu pai dizia a meu irmão. Comem mal, dormem mal, fazem treinamentos exaustivos e os limites levados ao extremo. Aprendem a arte de matar... Para servir a seu país.

Mas eu não consigo pensar como alguém pode se contentar em ter um filho que foi obrigado a servir um país que ele mal sabe a letra do hino nacional, e para este pais em situações que o exercito age de forma efetiva, ele só tem uma função: Matar e morrer.

Enquanto desfilavam, mantinham-se alinhados seguindo o andar estranho da marcha com olhares imponentes ou agressivos (dependendo muito do batalhão a que serviam )

Uma coisa curiosa; Claro que devem existir muitos soldados no exercito brasileiro. Mas notei que nos batalhões de ordem mais alta (ou seja... os que numa guerra dificilmente vão morrer primeiro), havia a presença reduzida... Ou quase nula de pessoas negras. Seria algum problema no biótipo ou DNA que não é compatível para um soldado de elite?Bem mas isso já uma outra história eles certamente inventariam alguma desculpa para justificar o meu comentário.

E marchavam... Pareciam todos bonecos de chumbo agora.Duros repetitivos, sem expressão.

Os grandes “senhores da guerra”, não estavam marchando, mas sim desfilavam acenando para o publico do alto dos “Jeeps” camuflados do exercito, não estavam molhados da chuva como os outros soldados. Alguns senhores de alta posição também marchavam (eram poucos) , e o que achei engraçado era o modo com que marchavam.As barrigas salientes não davam a aparência de um “bom soldado”, e se nos tempos em que lá ingressaram marchassem daquele jeito com certeza, teriam de pagar umas abdominais com o pé do sargento fazendo peso.

Finalmente surge um batalhão somente de mulheres. Ovacionadas pelos presentes.
A presença de mulheres no exercito com certeza é motivo de admiração, pois homens se alistam por obrigação, mas as mulheres se alistam por que querem. Eu não quero, e fico tentando imaginar um motivo para uma mulher se alistar. Se estão atuando na parte de medicina, engenharia e outras coisas tudo bem. Mas um batalhão, de mulheres prontas para matar e morrer pela pátria... Não consigo entender o que inspira tamanho patriotismo

Sai do desfile antes que ele terminasse por que já estávamos encharcados, pois durante o desfile a chuva não cessou. Perdi a melhor parte: ia haver um desfile de um moto clube com as motos mais loucas que já vi na minha vida! E eram muitos!
Meu irmão logo pediu pra tirar uma foto em uma das motos (confesso q até eu teria tirado), e saiu to saltitante dizendo que um dia ia ter uma moto daquela. Minha mãe deu um “piti”, dizendo que a gente tava é doido..e que tínhamos que ser mais normais.Isso que eu não entendo...ela mesma pagou um pau pras motos e agora diz q é coisa de doido?
Não consigo entender como para os pais é mais normal um jovem aceitar ser mais um peão no tabuleiro do governo... E morrer acima de tudo pelo bem da “pátria” (ou seria somente para proteger os reis), do que escolher viver a vida seja encima de uma moto, com seu cabelo comprido e ouvindo suas bandas. Claro que quando ela disse isso não pude deixar de retrucar... Mas é exatamente isso!O que é normal?Se enquadrar nas normas da sociedade e viver conforme a televisão mostra que devemos ser?Há me desculpe... Curto metal, sou estranha namoro um cara com cabelo comprido e outras coisas que minha mãe odeia, passou o dia inteiro ouvindo Slayer e escrevendo essa porra de texto!.Vou arrumar uma moto e começar a viver minha vida, por que nesse lugar não tem ninguém normal ¬¬’.

“Cabelos longos não usa mais
Não toca sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota ratatata...”

0 comentários: sobre 7 de setembro

Postar um comentário para 7 de setembro: